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Por que o acesso ao crédito para microempresas está tão difícil na crise

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03/09/2020
crédito para microempresas

A crise causada pelo novo coronavírus está afetando em cheio os pequenos negócios. Além da queda no faturamento, o acesso ao crédito para microempresas está difícil.

Microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte precisam de crédito empresarial para sobreviver à crise, mas vêm enfrentando dificuldade em obter esse recurso financeiro, segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Sebrae, organização de apoio aos pequenos negócios.

De acordo com o levantamento, 51,4% das micro e pequenas empresas não conseguiram o crédito solicitado. Entre os MEIs essa porcentagem é ainda maior: 68,5% tiveram retornos negativos ao pedido de crédito.

As principais razões dadas para a recusa da concessão do crédito empresarial, segundo a pesquisa, são:

  • Empresa negativada no Cadin e Serasa por débitos anteriores (25,3%)
  • Falta de garantias ou avalistas (13%)

Wagner Viana, consultor de negócios do Sebrae-SP, enumera ainda outros motivos que dificultam o acesso do crédito para microempresas:

  • Falta de comprovação de faturamento (parte do faturamento não é declarado)
  • Falta de um planejamento financeiro (orçamento e projeção de caixa) para demonstrar às instituições financeiras
  • Endividamento bancário já alto e, quando avaliado pela instituição financeira, o limite de concessão pode não atender as necessidades do empresário

Crédito para microempresas é fundamental para evitar quebradeira

“A necessidade é histórica, e acredito que atualmente, em relação à pandemia, as ofertas de crédito para micro e pequenas empresas estão mais flexíveis, menos burocráticas e com taxas menores”, afirma Viana. “Reforço que atualmente o ambiente de crédito para micro e pequenas empresas é favorável, mas muitos processos de análise de concessão de crédito permanecem os mesmos. Assim, mesmo que atualmente tenham surgido diversas linhas de crédito muito favoráveis às micro e pequenas empresas, como as linhas apoiadas pelo governo como o Pronampe, caso a empresa tenha alguma restrição de crédito não conseguirá acesso à linha.”

Na opinião do consultor, neste momento, é fundamental para a sobrevivência das micro e pequenas empresas a oferta de linhas de crédito que não tenham tanta burocracia, tenham taxas baixas e carência. “As MPEs são empresas que possuem limitações de investimento, de reservas financeiras e muitas vezes não possuem um bom planejamento financeiro. Ficar sem faturamento, ou com faturamento muito abaixo do que o histórico de antes da pandemia, pode ‘quebrar a empresa’”, diz. “Dessa forma, essas linhas de crédito para micro e pequenas empresas são fundamentais para que elas consigam sobreviver durante esse período.”