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A crise econômica mundial atual será pior que a Grande Depressão?

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09/09/2020
crise econômica mundial

A pandemia causada pelo novo coronavírus atingiu em cheio todos os países, causando uma crise econômica mundial. Em março, o mercado americano de ações despencou 20% em relação ao seu pico em apenas duas semanas. Foi a queda mais brusca e rápida da história. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, por sua vez, caiu 9,5% no segundo trimestre de 2020, enquanto o da Alemanha, 10,1% – em relação aos primeiros três meses do ano –  lembrando que essas são duas das maiores economias do mundo, dá para se ter noção do tamanho do problema.

A variação negativa do PIB americano de quase 10% em um trimestre não tem precedentes na história desde que o governo daquele país passou a medir a produção interna, em 1947. Na Alemanha a queda também é histórica – os registros começaram em 1970 e, até então, o pior resultado do país europeu havia ocorrido no primeiro trimestre de 2009, queda de 4,7% em três meses – consequência da crise financeira iniciada em 2008 com a queda do Lehman Brothers.

Como foi a crise econômica mundial no começo da década de 30

Os números que se têm da época da Grande Depressão, crise econômica mundial que aconteceu em 1929, são ainda mais severos: o mercado de ações caiu mais de 50%, ocorreram falências em massa e a taxa de desemprego bateu 25% (na atual crise ela chegou a 14% em abril, 13% em maio e 11% em junho). Só que, naquele momento, foram cerca de três anos para chegar aos índices mais baixos. No cenário atual, foi tudo mais rápido e isso leva à pergunta: será que a crise econômica mundial causada pela Covid-19 será pior?

“Em crises, sempre há necessidade de comparação com outras e isso ocorreu também com a crise de 2008. Pode fazer um certo sentido ao se tratar das consequências econômicas, porém em termos das causas não”, afirma Ricardo Macedo, professor de economia do Ibmec RJ.

Crise econômica mundial atual pode ser pior

Segundo ele, a atual crise econômica mundial pode, sim, ser pior que a Grande Depressão. “Isso se deve ao fato de que as pessoas precisam se sentir seguras para retornarem ao trabalho, além de terem todas as condições de proteção para a realização de suas atividades. Nesse caso, a ação dos governos, principalmente dos

emergentes, teria que ser rápida e coordenada com as demais esferas”, diz ele. “A ideia principal é salvar vidas. No Brasil não houve respeito ao distanciamento social implementado, visto que ficamos abaixo do percentual recomendado, e o contágio foi extremamente elevado.”

Também tem se falado que, assim como a atual crise econômica mundial chegou de forma brusca e rápida, ela poderia também ser resolvida em um curto espaço de tempo – é que o mercado chama de recuperação em “V”, quando depois de uma queda forte a atividade econômica retorna, ou mesmo supera, rapidamente o nível imediatamente pré-queda.

“É um cenário possível ao se observar o comportamento da economia em períodos de crise. Porém, há muita incerteza em relação à extensão do isolamento, e também ao surgimento de uma vacina efetiva, além das nossas questões estruturais – leia-se uma grande desigualdade”, comenta Macedo. “Sendo assim, torna-se um exercício complicado prever qual será o formato da recuperação.”